domingo, 28 de novembro de 2010

AQUELA

E depois de um bom tempo afastada desse espaço, por motivos justificáveis ou não, retorno pra falar de uma das coisas mais preciosas da minha vida, e que poucas vezes dediquei um tempo para racionalizar(ou raciocinar?) e poder escrever e dessa forma mostrar a sua grande importância.
Eu sempre tive uma certa carência afetiva, recordo dos meus primeiros dias no jardim, em menos de uma semana, eu já tinha uma melhor amiga, aquela que eu pensava que iria ser pra sempre, criei um vinculo emocional tão grande, que nos meus planos fantasiosos sempre tinham espaço pra nós duas. Até que um dia o meu mundo caiu, eu cheguei mais tarde na escolinha e a minha melhor amiga havia sentado ao lado das meninas ditas mais chatinhas por nós duas, e não deixado um lugarzinho ao seu lado pra mim. Aí eu chorei, chorei tanto tanto, minha mãe e a ‘tia Joelma’ ficaram desesperadas, acabei sentando no outro lado, e a partir daquele dia, meus melhores amiguinhos eram os meninos da minha salinha.

Até que eu me mudei, conheci novos amigos, e novamente me decepcionei.

E então, há aproximados 8 anos, eu conheci AQUELA que afastou todos os meus fantasminhas, era ela e eu, e mais ninguém. Eu lembro que no primeiro dia de aula ela não foi. Eu passei a manhã sozinha. E nada naquele lugar estranho me interessava. Somente no segundo dia eu pude começar a desfrutar daquilo que muitos almejam, e que em muitos casos erroneamente pensam ter alcançado com relação a alguém: a VERDADEIRA AMIZADE.

Naquele mesmo dia, eu já senti que não era algo normal.

No início nós éramos totalmente diferentes. Era RAZÃOxCORAÇÃO. O primeiro livro que eu comprei eram de poemas de uma escritora da região, Alcina de Oliveira Figueredo; ela era apaixonada pelos de Matemática. Eu encantada com os poemas, e todas aquelas rimas, mostrei pra ela, e ela achou tão ridículo quanto o meu material escolar cor de rosa. Ela, sempre cheia das opiniões, chorava de raiva quando algo ou alguém agiam de forma contrária as suas vontades, mas nunca silenciava. Eu a maioria das vezes me calava, guardava o choro no bolso e colocava pra fora apenas quando chegasse em casa.

Apesar das diferenças de personalidade, nós éramos a dupla mais unida de todo o colégio, e nos orgulhávamos disso. Quando alguém nos via distantes, já corria pra perguntar o que tinha acontecido. Hoje eu vejo que era até um tanto doentio. Muitos tentavam se aproximar de nós duas, mas o vínculo afetivo nunca passava de um simples coleguismo. Era eu e ela. Os outros eram os outros e só.

Crescemos um pouquinho e começamos aquela fase das borboletas no estômago. Eu fui a primeira a me encantar por um menino, mas como eu era extremamente tímida, foi ela quem se aproximou primeiro dele tornado-se amiga, para depois eu entrar em cena. Foi nessa fase também que começamos a sentir um tanto de ciúmes uma da outra, porque o centro das atenções não estava mais voltado apenas a nós duas, haviam os temidos intrusos.

Discussões? Sim, muitas. Mas depois da raiva, bastava uma olhar pra outra de relance, que tudo voltava ao normal. Olhares, somos incrivelmente capazes de nos comunicar só com troca de olhares, a convivência fez com que pensássemos tão parecido, que até as nossas caras e gestos diante de algumas situações eram iguais .

Tivemos espasmos de risos descontrolados quando não nos era cabível. E também crise de choro descontrolado, nunca simultaneamente, uma sempre estava disponível pra ouvir e fazer a outra ver que não valia a pena desperdiçar lágrimas por coisas pequenas, mesmo que não fossem tão pequenas assim, a gente sempre se convencia disso, e uma brotava um sorriso no rosto da outra novamente.

Com ela eu aprendi a gostar da merenda da escola. A não ser tão flexível a ponto de me moldar as formas de outrem, que não ela. A controlar minha timidez. A dar gargalhadas sem se importar se alguém está achando ridículo. A gostar de matemática. A xingar a orientadora. A não ser tão agradável para com ou outros. Só nunca me convenceu de que leite condensado com mel é bom(eca).

Compartilhamos grandes momentos de nossa vida, sonhamos muito alto, fomos os pilares uma da outra; o diário ambulante; a mão amiga; o abraço que aquece; trocamos conselhos, nem sempre seguimos, digo, segui, e então quebrava a cara e talvez continue quebrando(ou não). Tantas, tantas coisas passamos juntas, e o tempo passou, e nós mudamos, e pessoas entraram e saíram de nossas vidas, mas a nossa amizade continua a mesma, com a mesma pureza do início.

A pouco tempo eu a vi chorar por amor. É Juzinha, não somos mais as mesmas. Quem um dia iria dizer que aquele gênio difícil, aquela moçoila durona de tolerância zero, que só pensava em ser grande sem se importar se iria acompanhada ou não, ou melhor, se importava sim, queria crescer sozinha, fosse se apaixonar? Eu não diria. Assim como não diria que se encantasse com as artes, que escrevesse um poema de amor e não de crítica a esse mundo injusto e cruel como era a sua visão... mas você sempre me surpreende.

Dói. Dói muito não ter mais a tua presença diária na minha vida. Dói saber que a nossa disponibilidade será cada vez menor. Dói não ter para quem se abrir ‘naquelas’ horas, não receber aquela palavra de consolo ou aquele silêncio confortador ou até mesmo as palavras ásperas que só de você eu aceitava pra cair na real. Dói muito, mas eu sei que mesmo longe nós continuamos em sintonia e assim sempre será, ETERNO, porque acreditamos que nós duas somos a exceção à regra de que o pra sempre não existe. Porque o meu amor por ti é incondicional e eu tenho absoluta certeza que isso é recíproco.

Te Amo Minha Amiga!

Um comentário:

Juh disse...

ush... peri... deixa eu enxugar as lágrimas...
Flor, nossas vidas podem ter mudado muito, mas, mesmo distantes e se vendo muito pouco, sua presença é constante. Meus planos para o futuro sempre incluem você.